Riachão tava cantando
Na cidade do açú
Quando apareceu um negro
Da espécie de um urubu
Tinha camisa de solo
A calça de couro cru
Beiços grossos e virados
Como a sola de um chinelo
Um olho muito encarnado
O outro bastante amarelo
Esse chamou riachão
Para cantar o martelo
Riachão lhe respondeu
Eu não canto com negro
Desconhecido
Por que pode ser escravo
E andar por aqui fugido
Isso é dar cauda a nambu
Entrada a negro enxerido
Eu sou livre como o vento
A minha linhagem é nobre
Sou um dos mais ilustrados
Que o Sol desse mundo cobre
Nasci dentro da grandeza
Não saí da raça pobre
Você nega por que quer
Está conhecido demais
Se você anda aqui fugido
Me diga que tempo faz?
Se você não for cativo
Obras desmentem sinais
Seja livre ou seja escravo
Eu quero cantar o martelo
Afine sua viola
Vamos entra em duelo
Só com a minha presença
O senhor já tá amarelo